segunda-feira, 19 de novembro de 2012





PELO QUE VALE A PENA VIVER?

Nós esperávamos que as pessoas do século XXI
fossem alegres, soltas, divertidas, afinal de contas,
elas têm tido acesso a uma poderosa indústria do lazer,
mas eis que as pessoas estão estressadas, represadas e tristes.
Esperávamos que o acesso à tecnologia e aos bens materiais
fizesse com que as pessoas tivessem mais tempo para si mesmas.
Mas, raramente, elas gastam tempo com aquilo que amam.
Vivemos espremidos em sociedades populosas,
mas a proximidade física não trouxe a proximidade emocional.
O diálogo está morrendo. A solidão virou rotina.
As pessoas aprendem por anos as regras da língua,
mas não sabem falar de si mesmas.
Os pais escondem suas emoções dos seus filhos.
Os filhos ocultam suas lágrimas dos seus pais.
Os professores se escondem atrás do giz ou dos computadores.
Psiquiatras e psicólogos estão tratando, sem sucesso,
a solidão, pois ela não se resolve
entre quatro paredes de um consultório.
Os seguidores de Jesus perderam todos os valores sociais,
não tinham dinheiro, fama, proteção,
mas tinham tudo o que todo ser humano sempre desejou.
Tinham alegria, paz interior, segurança, amigos, ânimo.
Cada um deles viveu uma grande aventura.
Eles tiveram grandes sonhos e a coragem
para correr todos os riscos para transformá-los em realidade.
Raramente se viu pessoas tão realizadas, sociáveis e satisfeitas.
Eles não tinham nada, mas tinham tudo.
Eram discriminados, mas tinham inumeráveis amigos.
Em alguns momentos,
parecia que tinham perdido a esperança e a fé,
mas cada manhã era um novo começo.
Cada derrota era uma oportunidade para começar tudo de novo.
Cada coração aliviado
dava forças para eles continuarem no caminho.
Sofreram como poucos na história,
mas aprenderam a não reclamar.
Nos seus lábios,
havia um agradecimento diário pelo espetáculo da vida.
Não exigiam nada dos outros,
mas davam tudo o que tinham.
Foram tolerantes com seus inimigos,
mas seus inimigos foram implacáveis com eles.
Tornaram-se amantes da paz, foram pacificadores dos aflitos,
compreenderam a loucura dos que se achavam lúcidos.
Foram felizes numa sociedade inumana.
Na juventude tinham inúmeros traumas,
mas o vendedor de sonhos fez algo
que deixa boquiaberta a ciência moderna.
Ele os transformou na casta mais inteligente e saudável de pessoas.
As cartas que eles escreveram
revelam características de personalidade
que poucos psiquiatras e psicólogos conquistam.
Os sonhos que eles viveram não apenas eram celestiais,
mas vão ao encontro dos mais belos sonhos da filosofia,
da psicologia, da sociologia, das ciências da educação.
Mostraram que vale a pena viver,
mesmo quando ceifaram suas vidas.
E hoje, será que nossa vida alçou um grande significado?
Jesus demonstrou de muitas formas
para que as pessoas compreendessem a grandeza da vida.
Será que compreendemos seu valor?
Quem somos?
Somos fagulhas vivas que cintilam
durante poucos anos no teatro da vida
e depois se apagam tão misteriosamente quanto acenderam.
Nada é tão fantástico quanto a vida,
mas nada é tão efêmero, fugaz quanto ela.
Hoje estamos aqui, amanhã seremos uma página na história.
Um dia todos nós tombaremos
na solidão de um túmulo e ali não haverá aplausos,
dinheiro, bens materiais. Estaremos sós.
Se a vida é tão rápida,
não deveríamos nessa breve história do tempo
procurar os mais belos sonhos, as mais ricas aspirações?
Pelo que vale a pena viver?
Quais sonhos nos controlam?
Muitos têm depressão, ansiedade, stress,
não só por conflitos na sua infância,
mas pela angústia existencial, pelo tédio tenso que os abate,
pela falta de um sentido sólido em suas vidas.
Muitos têm fortunas, mas mendigam o pão da alegria.
Muitos têm cultura, mas falta-lhes o pão da tranqüilidade.
Muitos têm fama, mas não há colorido na sua emoção.
Há pouco tempo, um dos mais populares cantores desse país
disse na mídia que tinha dinheiro e fama,
mas não tinha prazer de viver,
sua vida se tornara uma fonte de tédio.
Crise existencial, vazio interior, solidão,
palavras que não faziam parte
do dicionário da personalidade
dos discípulos do mestre dos mestres.
Quando o corpo de Jesus tremulava na cruz,
ele disse frases inesquecíveis
que inspiraram o centurião romano, encarregado do seu martírio.
Seu carrasco reconheceu sua grandeza e começou a sonhar.
Quando os seus discípulos morriam,
o mesmo fenômeno continuou a ocorrer.
A dignidade, segurança e sensibilidade
nos últimos momentos deles fizeram com que
alguns torturadores se curvassem.
Que fenômeno interior é esse que
deixa extasiada a sociologia e a psicologia?
Se Nietzche, Carl Marx e Jean Paul Sartre
tivessem a oportunidade de analisar a personalidade de Jesus
e a sua atuação nos bastidores da mente dos seus discípulos,
como eu o fiz,
provavelmente não estariam entre os maiores ateus
que pisaram nesta terra.
É possível que estivessem
entre os seus mais apaixonados seguidores...
As sociedades ainda não despertaram
para a grandeza da personalidade de Jesus.
E impossível alguém fazer o que ele fez
e ser tão somente um ser humano.
Sua vida era tão simples, mas cercada de mistérios.
Milhões de pessoas dizem que ele era o filho de Deus.
Seus comportamentos surpreendentes
e não apenas seus milagres confirmam isso.
Mas nunca alguém tão grande foi tão humano.
Muitos homens querem ser deus,
estar acima dos sentimentos comuns,
mas ele se apaixonou tanto pela humanidade
que quis ser um ser humano.
Amou ser igual a mim e a você.
A sua personalidade não apenas revela
que ele atingiu o topo da saúde psíquica,
mas que foi mais longe do que isso.
Ele foi o maior educador, psicoterapeuta,
sócio-terapeuta, pensador, pacifista, orador,
vendedor de sonhos, construtor de amigos de todos os tempos.
Muitos dos líderes religiosos da atualidade que dizem segui-lo
desconhecem essas magníficas áreas da sua personalidade.
Eu analisei a inteligência de Cristo criticando,
duvidando e investigando as quatro biografias de Jesus,
os evangelhos, em várias versões.
Estudei as intenções conscientes e inconscientes
dos autores das suas quatro biografias.
Talvez tenha sido um dos raros cientistas
que investigou a sua personalidade.
O primeiro resultado é que descobri que
o homem que dividiu a história
não poderia ser fruto de uma ficção humana.
Ele não cabe no imaginário humano.
Ele andou e respirou nesta terra.
O segundo resultado é que a grandeza da sua personalidade
expôs as falhas da minha personalidade.
Fui ajudado a compreender as minhas limitações
e a minha pequenez.
O terceiro resultado me surpreendeu.
Ao analisar o vendedor de sonhos,
fui contagiado por ele.
Comecei a sonhar os seus mais belos sonhos...
Que a sua vida também se transforme
num jardim de sonhos...
Mesmo quando os pesadelos vierem,
jamais deixe de sonhar.


(Do livro O Mestre Inesquecível - Augusto Cury)