sábado, 10 de dezembro de 2011

Por dentro do cérebro


Dr Paulo Niemeyer Filho / Neurocirurgião
Parte da entrevista da revista PODER, ao neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho,
abaixo, quando lhe foi perguntado:

O que fazer para melhorar o cérebro ?
Resposta:

Vc. tem de tratar do espírito. Precisa estar feliz, de bem com a vida, fazer
exercício. Se está deprimido, com a autoestima baixa, a primeira coisa que
acontece é a memória ir embora; 90% das queixas de falta de memória são
por depressão, desencanto, desestímulo. Para o cérebro funcionar melhor,
você tem de ter motivação. Acordar de manhã e ter desejo de fazer alguma
coisa, ter prazer no que está fazendo e ter a autoestima no ponto.

PODER: Cabeça tem a ver com alma?

PN: Eu acho que a alma está na cabeça. Quando um doente está com morte
cerebral, você tem a impressão de que ele já está sem alma... Isso não dá
para explicar, o coração está batendo, mas ele não está mais vivo.

PODER: O que se pode fazer para se prevenir de doenças neurológicas?

PN: Todo adulto deve incluir no check-up uma investigação cerebral. Vou
dar um exemplo: os aneurismas cerebrais têm uma mortalidade de 50%
quando rompem, não importa o tratamento. Dos 50% que não morrem,
30% vão ter uma sequela grave: ficar sem falar ou ter uma paralisia.
Só 20% ficam bem. Agora, se você encontra o aneurisma num checkup,
antes dele sangrar, tem o risco do tratamento, que é de 2%, 3%.
É uma doença muito grave, que pode ser prevenida com um check-up.

PODER: Você acha que a vida moderna atrapalha?

PN: Não, eu acho a vida moderna uma maravilha. A vida na Idade Média
era um horror. As pessoas morriam de doenças que hoje são banais de
ser tratadas. O sofrimento era muito maior. As pessoas morriam em
casa com dor. Hoje existem remédios fortíssimos, ninguém mais tem dor.

PODER: Existe algum inimigo do bom funcionamento do cérebro?

PN: O exagero.
Na bebida, nas drogas, na comida.
O cérebro tem de ser bem tratado como o corpo. Uma coisa depende
da outra.
É muito difícil um cérebro muito bem num corpo muito maltratado,
e vice-versa.

PODER: Qual a evolução que você imagina para a neurocirurgia?

PN: Até agora a gente trata das deformidades que a doença causa,
mas acho que vamos entrar numa fase de reparação do funcionamento
cerebral, cirurgia genética, que serão cirurgias com introdução de cateter,
colocação de partículas de nanotecnologia, em que você vai entrar na
célula, com partículas que carregam dentro delas um remédio que vai
matar aquela célula doente. Daqui a 50 anos ninguém mais vai
precisar abrir a cabeça.

PODER: Você acha que nós somos a última geração que vai envelhecer?

PN: Acho que vamos morrer igual, mas vamos envelhecer menos.
As pessoas irão bem até morrer. É isso que a gente espera.
Ninguém quer a decadência da velhice. Se você puder ir bem de saúde,
de aspecto, até o dia da morte, será uma maravilha.

PODER: Hoje a gente lida com o tempo de uma forma completamente
diferente. Você acha que isso muda o funcionamento cerebral das pessoas?

PN: O cérebro vai se adaptando aos estímulos que recebe, e às necessidades.
Você vê pais reclamando que os filhos não saem da internet, mas eles têm
de fazer isso porque o cérebro hoje vai funcionar nessa rapidez. Ele tem de
entrar nesse clique, porque senão vai ficar para trás. Isso faz parte do
mundo em que a gente vive e o cérebro vai correndo atrás, se adaptando.

Você acredita em Deus?

PN: Geralmente depois de dez horas de cirurgia, aquele estresse, aquela
adrenalina toda, quando acabamos de operar, vai até a família e diz:

"Ele está salvo".

Aí, a família olha pra você e diz:

"Graças a Deus!".

Então, a gente acredita que não fomos apenas nós.

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