domingo, 30 de setembro de 2012


Minimamente Feliz




        "A felicidade, ao contrário do que nos ensinaram os contos de fadas e os filmes de Hollywood, não é um estado mágico e duradouro.
        Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas.
        Um pôr-de-sol aqui, um beijo ali, uma xícara de café recém-coado, um livro que a gente não consegue fechar.
        São situações e momentos que vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza que merecem alegrias de pequeno e médio porte e até grandes (ainda que fugazes) alegrias.
       'Eu contabilizo tudo de bom que me aparece', sou adepto da felicidade homeopática.
       Tenho consciência de que são momentos de felicidade e vivo cada segundo.
       Alguns crescem esperando a felicidade com maiúsculas e na primeira pessoa do plural: Dá pra ser feliz no singular: Podemos viver momentos ótimos mesmo não estando acompanhados e que não tem sentido esperar até que um fato mágico nos faça felizes.
       E faz parte da minha 'dieta de felicidade' o uso moderadíssimo da palavra 'quando'.
       Aquela história de 'quando eu ganhar na Mega Sena', quando eu tiver um emprego fabuloso'. Tudo isso serve apenas para nos distrair e nos fazer esquecer da felicidade de hoje.
       Como tantos já disseram tantas vezes, aproveite o momento.
       E quem for ruim de contas, recorra à calculadora para ir somando as pequenas felicidades.
       Podem até dizer que nos falta ambição, que essa soma de pequenas alegrias é uma operação matemática muito modesta para os nossos tempos.
       Que digam.
       Melhor ser minimamente feliz várias vezes por dia do que viver eternamente em compasso de espera."

(Leila Ferreira)